sábado, 31 de dezembro de 2011

Todo Cambia


Este blog faz votos que em 2012 mais vozes se levantem para cantar nossa terra, cultura, sol, céu, mar, mata, povo em prosa, verso e atitude.
Que o complexo de vira-lata seja uma página virada, e o espelho no qual nos vemos seja a imagem colorida da américa mestiça. E nos orgulhemos disto: brasileiros e cada vez mais latinoamericanos.
Filhos dessa américa grande e linda. Somos este povo único, possuidor de uma cultura diversificada e rica, somos este país que dá certo.
E como a vida não é um fato consumado, muita força para ajudar o mundo a mudar.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

José Saramago

                                                                   Foto: Oreste Di Gregorio


Há também o silêncio.
O silêncio, por definição, é o que não se ouve.
O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa.
O silêncio é fecundo.
O silêncio é a terra negra e fértil,
o húmus do ser,
 a melodia calada sob a luz solar.

     José Saramago

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Manoel de Barros

Eu queria fazer parte das árvores como os
pássaros fazem.
Eu queria fazer parte do orvalho como as
pedras fazem.
Eu só não queria significar.
Porque significar limita a imaginação.
E com pouca imaginação eu não poderia
fazer parte de uma árvore.
Como os pássaros fazem.
Então a razão me falou: o homem não
pode fazer parte do orvalho como as pedras
fazem.
Porque o homem não se transfigura senão
pelas palavras.
E isso era mesmo.

Manoel de Barros em: Menino do Mato

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A Mudez Cantada, A Mudez Dançada


"(...) O sapateado é antes da dança organizada - é o corpo manifestando-se e manifestando-nos, pés transmitindo até a ira em linguagem que Espanha entende. A assistência se concentra em fúria no próprio silêncio. De quando em quando a provocação rouca de uma cigana, toda de carvão e trapos vermelhos, em quem a fome se tornou ardor e ameaça. Não era espetáculo, nao se assistia: quem ouvia era tão essencial como quem batia os pés em silêncio. Até a exaustão nos comunicamos durante horas através dessa linguaguem que, se algum dia teve palavras, estas foram se perdendo pelos séculos - até que a tradição oral passou a ser transmitida de pai para filho apenas como ímpeto de sangue. (...)"

                                   Clarice Lispector em: A Legião Estrangeira