No meu pateão de compositores, Paulo César Pinheiro tem lugar de destaque. Ele e Chico Buarque são os melhores letrista deste país.
Nunca entendi o porquê dos intérpretes contemporâneos não emprestarem mais suas vozes à poesia do PCP. Depois que Clara Nunes se foi, sua poesia ficou com menos voz.
Vasculhando uma loja de CDs no Rio, a Arlequim, onde se encontra de tudo, deparei-me, mais uma vez por acaso, com dois álbuns dedicados a ele: um da Selma Reis e o outro da Soraya Ravenle, A Minha Homenagem ao Poeta da Voz e Arcos do Tempo, respectivamente. Nem consultei o preço! Eram meus!
Soraya nos brinda com um passeio por canções inéditas do poeta da voz. Já Selma optou por percorrer suas canções mais conhecidas.
Resolvi que, em homenagem ao poeta da voz, sua poesia, vez por outra, virá ensolarar este bloguinho.
OFÍCIO
(Paulo César Pinheiro)
A música me ama
Ela me deixa fazê-la
A música é uma estrela
deitada na minha cama.
Ela me chega sem jeito,
quase sem eu perceber,
quando dou conta e vou ver,
ela já entrou no meu peito.
No que ela entra a alma sai,
fica o meu corpo sem vida,
volta depois comovida,
e eu nunca soube onde vai.
Meu olho dana a brilhar,
meu dedo corre o papel,
e a voz repete o cordel
que se derrama do olhar.
Quando terminho o meu canto,
depois de o bem repetir,
sinto-lhe aos poucos partir
quebrando enfim todo o encanto.
fico algum tempo perdido
até me recuperar,
quase sem acreditar
se tudo teve sentido.
A música parte e eu desperto
pro mundo cruel que aí está,
com medo de ela náo mais voltar,
mas ela está sempre por perto.
Nada que existe é mais forte,
e eu quero aprender-lhe a medida
de como compõe minha vida
que é para compor minha morte.
5 comentários:
A majestade do samba...
http://4.bp.blogspot.com/-jLQ-Ne_klvY/ThRr935SMkI/AAAAAAAAARI/Rzck81lV5sU/s1600/cinecafeas7-julho2.jpg
Marcelinha, aí está o link para o programa do Cine Café do SESC, desta 6ª feira, dia 8. Bjos.
Valeu, Aurélio! vou conferir, depois posto aqui. bjs.
Marcela
Sobre o Chico (Buarque) sou totalmente suspeito de fazer algum comentário, mas sobre Paulo César Pinheiro nada sei, pela letra que você nos brinda percebe-se que no autor uma apurada sensibilidade poética. Se eu estiver errado favor me corrigir, mas me fez lembrar o Vinícius (de Moraes). Vou procurar conhecê-lo melhor.
O Aurélio mandou bem ao lembrar o Cine Café do SESC/Campos, sempre as 6ª feira às 19:00h, quem sabe, com a ampla audiência do seu blog, possa ajudar aumentar o público do Cine Café do SESC/Campos, na última 6ª feira fui o único presente, além do funcionário responsável pela parte técnica e do segurança, será que represento tanto perigo assim?
braços fraternos
fabiano
Fabiano,
Vc me fez lembrar do Galeano. Seu relato coincide com o dele, postado neste "broguinho": A dignidade da arte.
Tentarei aparecer amanhá para aumentar o quorum. bjs.
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