domingo, 6 de novembro de 2011

O Samba Carioca de Wilson Baptista

Certa vez, ouvi Ferreira Gullar dizer que a vida seria a mesmice pontuada de pequenos momentos de maravilha. Estou sob o efeito do mais intenso maravilhamento, desde que me caiu às mãos o cd "O Samba Carioca de Wilson Baptista."
Corrige-se uma injustiça histórica com um dos maiores sambistas de todos os tempos, tao genial quanto Noel, mas que, ao contrário deste, morreu no ostracismo. Morreu também na memória nacional.
Sao dois discos igualmente deleitosos. O primeiro com vinte composiçoes de músicas raras, inéditas ou jamais regravadas, que ganham vida nas interpretaçoes de vários artistas como Elza Soares, Zélia Duncan, Cristina Buarque, Mart`ália, Rosa Passos, Teresa Cristina, Marcos Sacramento, Wilson das Neves, Tantinho da Mangueira e outros. Um resgate da história do compositor da irretocável crônica social, dos personagens marginalizados e da poesia popular.
O segundo é a trilha sonora do espetáculo musical sobre a vida e obra do sambista. As mais conhecidas composiçoes, com direito a textos narrados por Cláudia Ventura e Rodrigo Alzuguir, este idealizador do projeto e grande pesquisador. Um passeio pela história pessoal de Wilson, desde que saiu de Campos dos Goytacazes e chegou adolescente ao Rio de Janeiro, fugido num cargueiro de gado, todo lambido de vaca, para enriquecer o samba carioca.
Também nao sáo esquecidas suas desavenças em músicas e versos com Noel. O roteiro segue a ordem cronológica das composiçoes de ambos, de modo que participamos da deliciosa briga tal qual ela se deu, até o apaziguamento selado com uma parceria e tudo acabar em samba, como deve ser.
O Samba Carioca de Wilson Baptista já entrou na minha lista de discos preferidos.

7 comentários:

Rodrigo disse...

Olá Marcela! Que bom acordar e ler seu post sobre o disco do Wilson. Esse tipo de retorno espontâneo é muito recompensador! A missão é justamente essa, propagar a obra desse nosso mestre do samba, que anda um pouco esquecido. Convido vc e seus seguidores a conhecerem mais sobre o projeto (que também desaguará numa biografia) no blog http://osambacariocadewilsonbaptista.blogspot.com
Grande beijo e obrigado!
Ganhei o dia hehehe
Rodrigo Alzuguir

fabiano disse...

Marcela obrigado pela aula

Marcela disse...

Rodrigo Alzuguir! Que honra recebê-lo aqui, que grata surpresa!
Este blog reverencia o seu talento e agradece sua militância em favor da memória do grande mestre do samba.
Acompanharei cada passo do projeto e divulgarei o livro, assim que for publicado. Parabéns pelo trabalho de pesquisa, que já rendeu o espetáculo e nos agraciou com esse disco memorável!
Ganhei o dia, um dia emocionado.
bj grande e sucesso!

Marcela disse...

Fabiano, o professor se chama Rodrigo Alzuguir. Diretor e ator/cantor do espetáculo, do disco e biógrafo do Wilson Baptista.
bjs.

Fernanda disse...

Olá,Marcela!
Que textos lindos e abençoados!
Seu blog está cada dia mais encantador!
Abraços, com carinho,
Fernanda

Marcela disse...

Brigadim, Fernanda.
A nossa arte é que é encantadora!
Apareça! bjs.

fabiano disse...

Suas indagações sobre o não sucesso de Wilson Baptista pertinentes fiquei pensando, eu conheço muito pouco este sambista, tipo já ouvi falar, já escutei alguma coisa, mas se me perguntares na “lata” lembra de alguma música dele? Tenho cd do Noel e não tenho nada do Wilon Baptista, tenho várias gravações, de outros compositores de Noel e nada de Baptista.
Realmente não saberei responder. São coisa que acontecem com nossa música popular (principalmente o samba) o Cartola foi redescoberto como flanelinha em Ipanema.
Por que as rádios não tocam determinados cantores, por que os mais novos não gravam suas músicas?
Conheci um pouco de sua história, e que era campista há pouco tempo, saboreando umas cervejas próximo a minha casa com uma pessoa que morou no subúrbio do Rio, a Lene Moraes também toca em seus programas de rádio.
Mas no geral poucos conhecem.
Vou procurar o cd para sentir o conteúdo de suas letras.
De repende poderemos está trabalhando com o conceito de “cultura de massa”, que o pessoal (filósofos) da Escola de Frankfurt tanto descreveu.
Comparar as suas letras com as letras de Noel. Noel, branco, oriundo da classe média alta, chegou a freqüentar a faculdade de medicina, temos que verificar os círculos de amizades, etc., são fatos que não podemos relegar.