As palavras criam mundos. As imagens criam mundos. Nós entendemos que ao criar e distribuir histórias e imagens sobre pessoas e eventos no mundo, não estamos simplesmente reportando o mundo, estamos participando da criação dele. Acreditamos no poder de cada um de construir um mundo novo e melhor para a humanidade.
Judy Rodgers - diretora do Imagens e Vozes de Esperança - Brahma Kumaris
domingo, 27 de janeiro de 2013
Jose Mujica
2 comentários:
Anônimo
disse...
Jornal Folha da Manhã, 28/01/13 A MORTE DE CÍCERO*
Quando recebi a notícia da morte do companheiro Cícero me dirigi ao local do crime nas terras da antiga usina Cambahyba. Ele foi assassinado com mais de dez tiros. O fato trouxe à tona sentimentos diversos como tristeza, indignação, revolta, desejo de justiça. Na hora me veio à cabeça a denúncia de que os fornos daquela usina foram o cenário macabro onde corpos de militantes de esquerda foram queimados na ditadura, segundo denuncias de um antigo agente das forças de repressão. Impossível não sentir um nó no peito. Ver um trabalhador honesto, lutador e sonhador tombar por causa de seus ideais não combina com este século, sobretudo numa cidade grande coma a nossa em um dos estados mais ricos da federação. Cícero Guedes tinha quarenta e nove anos, cinco filhos e cuidava com afinco de seu lote no Assentamento Zumbi dos Palmares. Todos se lembram do entusiasmo com que falava da diversidade de produtos que cultivava, das dificuldades que enfrentou para produzir e das vitórias de cada dia. Desde o final da década de 90, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra atua em nossa região. Em 1997 centenas de trabalhadores ocuparam o complexo da falida Usina São João cheia de dívidas trabalhistas. Na ocasião a reação do setor canavieiro foi de tentar criminalizar o movimento. Depois de muita pressão junto ao INCRA as terras foram desapropriadas, ainda que muitos problemas ficassem por resolver como o financiamento agrícola e a infraestrutura básica do assentamento. Cícero fez parte dessas centenas de trabalhadores que deixaram as péssimas condições de trabalho como boias-frias, praticamente sem direitos e mesmo com o apoio insuficiente ganharam condições mais dignas de sobrevivência em seus lotes. Cícero é mais um guerreiro que perde a vida na luta contra o latifúndio, contra a distribuição injusta da terra, contra as condições insalubres de trabalho, contra a lógica perversa do trabalho temporário nos canaviais, neste município que não por acaso já esteve no topo do ranking do trabalho escravo no país e onde os antigos coronéis quiseram obrigar trabalhadores a defender a lei da queimada em praça pública. Exigimos a apuração dos fatos e a punição dos assassinos e mandantes. Sua morte não pode cair no esquecimento. Companheiro Cícero Guedes dos Santos, presente!
2 comentários:
Jornal Folha da Manhã, 28/01/13
A MORTE DE CÍCERO*
Quando recebi a notícia da morte do companheiro Cícero me dirigi ao local do crime nas terras da antiga usina Cambahyba. Ele foi assassinado com mais de dez tiros. O fato trouxe à tona sentimentos diversos como tristeza, indignação, revolta, desejo de justiça.
Na hora me veio à cabeça a denúncia de que os fornos daquela usina foram o cenário macabro onde corpos de militantes de esquerda foram queimados na ditadura, segundo denuncias de um antigo agente das forças de repressão. Impossível não sentir um nó no peito. Ver um trabalhador honesto, lutador e sonhador tombar por causa de seus ideais não combina com este século, sobretudo numa cidade grande coma a nossa em um dos estados mais ricos da federação.
Cícero Guedes tinha quarenta e nove anos, cinco filhos e cuidava com afinco de seu lote no Assentamento Zumbi dos Palmares. Todos se lembram do entusiasmo com que falava da diversidade de produtos que cultivava, das dificuldades que enfrentou para produzir e das vitórias de cada dia.
Desde o final da década de 90, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra atua em nossa região. Em 1997 centenas de trabalhadores ocuparam o complexo da falida Usina São João cheia de dívidas trabalhistas. Na ocasião a reação do setor canavieiro foi de tentar criminalizar o movimento. Depois de muita pressão junto ao INCRA as terras foram desapropriadas, ainda que muitos problemas ficassem por resolver como o financiamento agrícola e a infraestrutura básica do assentamento. Cícero fez parte dessas centenas de trabalhadores que deixaram as péssimas condições de trabalho como boias-frias, praticamente sem direitos e mesmo com o apoio insuficiente ganharam condições mais dignas de sobrevivência em seus lotes.
Cícero é mais um guerreiro que perde a vida na luta contra o latifúndio, contra a distribuição injusta da terra, contra as condições insalubres de trabalho, contra a lógica perversa do trabalho temporário nos canaviais, neste município que não por acaso já esteve no topo do ranking do trabalho escravo no país e onde os antigos coronéis quiseram obrigar trabalhadores a defender a lei da queimada em praça pública.
Exigimos a apuração dos fatos e a punição dos assassinos e mandantes. Sua morte não pode cair no esquecimento. Companheiro Cícero Guedes dos Santos, presente!
*Eduardo Peixoto, professor de história da FAFIC
Uma notícia que nos abateu.
Que não nos falte força para lutar por justiça.
Abraço.
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