domingo, 31 de março de 2013

Pablo Neruda

Talvez os deveres do poeta fossem sempre os mesmos na História. O valor da poesia foi sair à rua, foi tomar parte num e noutro combate. Não se assutou o poeta quando o chamaram de rebelde. A poesia é uma insurreição. Não se ofendeu o poeta porque o chamaram de subversivo. A vida ultrapassa as estruturas e há novos códigos para a alma. De todas as partes salta a semente, todas as ideias são exóticas, esperamos a cada dia mudanças imensas, vivemos com entusiasmo a mutação da ordem humana: a primavera é insurrecional.

Dei tudo o que tinha. Lancei minha poesia na arena e muitas vezes sangrei com ela, sofrendo as agonias e exaltando as glórias que me coube presenciar e viver. Algumas vezes fui incompreendido, e isto não é de todo mau. 

                       Pablo Neruda em: Confesso que Vivi

2 comentários:

Fátima Nascimento disse...

A poesia atinge seu climax quando ela sangra. Tem a ver com hematopoiese, como certa vez alertou-me o escritor e poeta José Roberto Leite Fernandes.

Marcela disse...

Oi, querida! Sim, há que buscar a poesia nas vísceras.
Saudade desse poeta que tanto nos emocionou.
bjs.