domingo, 30 de junho de 2013

Charles Bukowski


Revelando a Mágica

um bom poema é como uma cerveja gelada
quando você esta a fim,
um bom poema é como um misto
quente quando você está
faminto,
um bom poema é uma arma quando
a multidão te cerca,
um bom poema é algo que
te permite atravessar as ruas da
morte,
um bom poema pode fazer a morte derreter como
manteiga quente,
um bom poema pode emoldurar a agonia e
pendurá-la na parede,
um bom poema permite teus pés tocarem
a China,
um bom poema pode fazer uma mente despedaçada
voar,
um bom poema te permite cumprimentar
Mozart,
um bom poema te permite jogar dados
com o diabo
e ganhar,
um bom poema pode fazer quase qualquer coisa,
e o mais importante,
um bom poema sabe quando
terminar.

    Charles Bukowski

sábado, 29 de junho de 2013

Quinteto Violado

Palavra Acesa
                                               (Fernando Filizola/José Chagas)

"palavra, quando acesa, não queima em vão.."

domingo, 23 de junho de 2013

Mia Couto


- Você não me amou o suficiente.
- Para si não há nunca o suficiente.
 Não era apenas para ele que não bastava. O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos.

                                Mia Couto em: "Venenos de Deus, Remédios do Diabo"

domingo, 16 de junho de 2013

Mia Couto


- Tens medo de fazer amor comigo?
- Tenho - respondeu ele.
- Por ser eu preta?
- Tu não és preta.
- Aqui sou.
- Não, não é por seres preta que eu tenho medo.
- Tens medo que eu esteja doente...
- Sei prevenir-me.
- É porquê, então?
- Tenho medo de não regressar. Não regressar de ti.

        Mia Couto, em "Venenos de Deus, Remédios do Diabo"

sábado, 15 de junho de 2013

Gabriel Garcia Márquez

Não se sentiam mais como noivos recentes, ao contrário do que o comandante e Zenaida supunham, e menos ainda como amantes tardios. Era como se tivessem saltado o árduo calvário da vida conjugal, e tivessem ido sem rodeios ao grão do amor. Deixavam passar o tempo como dois velhos esposos escaldados pela vida, para lá das armadilhas da paixão, para lá das troças brutais das ilusões e das miragens dos desenganos: para lá do amor. Pois tinham vivido juntos o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso ficava quanto mais perto da morte. 

                     Gabriel Garcia Márquez, em "O Amor nos Tempos do Cólera"

domingo, 9 de junho de 2013

Mario Benedetti

Corazón Coraza



Porque te tengo y no
porque te pienso
porque la noche está de ojos abiertos
porque la noche pasa
y digo amor
porque has venido a recoger tu imagen
y eres mejor que todas tus imágenes
porque eres linda desde el pie hasta el alma
porque eres buena desde el alma a mí
porque te escondes dulce en el orgullo
pequeña y dulce corazón coraza
porque eres mía porque no eres mía
porque te miro y muero
y peor que muero si no te miro amor
si no te miro
porque tú siempre existes dondequiera
pero existes mejor donde te quiero
porque tu boca es sangre y tienes frío
tengo que amarte amor
tengo que amarte
aunque esta herida duela como dos
aunque te busque y no te encuentre
y aunque la noche pase
y yo te tenga
y no.

quinta-feira, 6 de junho de 2013



O homem que compreende a História também compreende a si mesmo, e o homem que compreende a si mesmo pode compreender o engendramento do mundo e criar novas rotas e utopias. 
                                   Ana Bock.

domingo, 2 de junho de 2013

José Saramago

                                                    A Noite Estrelada, Vicent Van Gogh

Aceitemos então que estamos sozinhos e, a partir daí, façamos a nova descoberta de que estamos acompanhados – uns pelos outros. Quando pusermos os olhos no céu estrelado, com a furiosa vontade de lá chegar, mesmo que seja para encontrar o que não é para nós, mesmo que tenhamos de resignar-nos à humilde certeza de que, em muitos casos, uma vida não bastará para fazer a viagem – quando pusermos os olhos no céu, repito, não esqueçamos que os pés assentam na terra e que é sobre esta terra que o destino do homem (esse nó misterioso que queremos desatar) tem de cumprir-se. Por uma simples questão de humanidade.

                                                        José Saramago