sexta-feira, 27 de setembro de 2013


Que faz um autor com as pessoas vulgares, absolutamente vulgares? Como coloca-las perante seus leitores e como torna-las interessantes? É impossível deixa-las sempre fora da ficção, pois as pessoas vulgares são, em todos os momentos, a chave e o ponto essencial na corrente de assuntos humanos; se as suprimimos, perdemos toda a probabilidade de verdade.

                                          Dostoiévski em: "O Idiota'

3 comentários:

fabiano disse...

Marcela
Peço-lhe desculpas pela péssima escolha de um poema postado neste blog, não pelo poema, mas sim pelo momento postado.
Em poesia usamos uma linguagem metafórica, mas estamos constantemente trazendo-a para a vida real, tornando-a viva e fazendo sentido em nossas vidas.
Não segui os conselhos do mestre Graciliano Ramos quando relaciona a paciência, persistências e perspicácia das lavadeiras de Alagoas com a arte de escrever “...Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."
Nos tempos de internet, depois que apertamos a tecla ENTER não tem mais jeito, não podemos voltar, já era, o estrago já está feito. Quando parei pra pensar em tudo que tinha acontecido percebi que mesmo que não tenha sido a minha intenção não me atentei que não se deve “...magoar quem lhe quer bem...”
Tenho coincidência que o simples pedido de desculpa não apaga o estrago realizado, sei que te fiz muito, mas faço com a tranquilidade de quem um dia já até lhe pediu perdão de algo que não cometeu em nome de uma AMIZADE que é mais importante que qualquer coisa, pois não nos conhecemos em uma sala de bate papo da internet, nem em final de noite num bar.
Foi um verdadeiro desastre parecido ao que Ferreira Gullar acabou de apresenta no XXI Congresso Brasileiro de Poesia:

DESASTRE*

Há quem pretenda
que seu poema seja
mármore
ou cristal - o meu
o queria pêssego
pera
banana aprodecendo num prato
e se possível
numa varanda
onde pessoas trabalhem e falem
e donde se ouça
o barulho da rua.
Ah quem me dera
o poema podre!
a polpa fendida
exposto
o avesso da voz
minando
no prato
o licor a química
das sílabas
o desintegrando-se cadáver
das metáforas
um poema
como um desastre em curso.

*Ferreira Gullar
Ed. Grafite - XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS - outubro 2013

Marcela disse...

Ótimo poema! Obrigada, Fabiano, pela contribuição. bj

fabiano disse...

CUIDE-SE BEM *

Cuide-se bem!
Perigos há por toda a parte
E é bem delicado viver
De uma forma ou de outra
É uma arte, como tudo...

Cuide-se bem!
Tem mil surpresas
A espreita
Em cada esquina
Mal iluminada
Em cada rua estreita
Em cada rua estreita
Do mundo...

Prá nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...

Cuide-se bem!
Eu quero te ver com saúde
E sempre de bom humor
E de boa vontade
E de boa vontade
Com tudo...

Prá nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...

*Letra e música: Guilherme Arantes
Foi a 7ª musica (2ª do lado “B”) do LP “Guilherme Arantes” gravado em 1976 pela gravadora Som Livre.