sábado, 19 de outubro de 2013


Nada existe de mais revolucionário – porque evolucionário – que a consciência de que só o amor pode salvar o mundo. O amor é a única arma de que dispõe o homem para atravessar uma existência fatalizada pelo sofrimento de nascer, crescer, conviver, trabalhar, amadurecer e por fim morrer dentro de uma sociedade condicionada pelo lucro, pelo prazer e pela intolerância. Uma sociedade cuja cúpula odeia o amor e o considera, no fundo, uma desconversa diante de entidades mais importantes, quais sejam o poder econômico e político, o sentimento de mando, a superioridade hierárquica e de casta: a Supremacia e o Preconceito, enfim, sob todas as suas formas.
O terrível nisso tudo é que se vai fazendo cada dia mais difícil amar, dentro de um mundo neurotizado por mil problemas marginais aos da verdadeira existência, e coexistência, com o resultado de uma debilitação existencial enorme. Está ficando cada dia mais difícil amar direito, amar como deve ser: com o verdadeiro encontro de almas e de corpos totalizados num grande, num imenso entendimento comum. Nada me parece mais importante que a busca desse encontro, sem o qual nenhuma felicidade é possível, nenhum diálogo é provável, nenhum êxtase é absoluto.
 
                                           Vinícius de Moraes, trecho da crônica "Teoria dos Módulos"

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