Para quem perdeu no cinema, uma boa notícia: já chegou às locadoras o primoroso documentário "Lixo Extraordinário", do artista plástico, Vik Muniz. Um documentário que foge ao lugar-comum da exposição gratuíta da miséria para abordar um tema que me encanta: o poder transformador da arte.
Ambientado no Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário da América Latina, localizado na baixada fluminense, relata o emocionante encontro entre o artista e os trabalhadores de material reciclado (como eles gostam de ser chamados), que muda irremediavelmente a vida de todos.
Parece que o resultado surpreende até Vik Muniz, que não imaginava até onde seu projeto chegaria. A arte é mesmo surpreendente! Ela pode chegar calma, como um regato batendo miudinho nas pedrinhas internas da gente, ajeitando-as sutilmente, ou se precipitar como uma cachoeira, arrastando todas as certezas que encontra no caminho. E foi desta forma que ela entrou na vida daquelas pessoas, transformando-as.
A arte é a grande estrela do filme, a vedete principal, responsável pelo resgate da autoestima e da transformaçao da percepção de mundo daqueles trabalhadores esquecidos no lixo. Na medida em que ela entra em suas vidas de forma mais pungente, restitui-lhes a noção de pertencimento, de modo que eles passam a se enxergar como indivíduos e como uma classe trabalhadora, sim: consciëncia de classe! Ela é formadora (até quando não pretende ser) e humanizadora. Um filme comovente!
5 comentários:
Eu fui numa exposição dele no MASP, muito boa..
Julio
Ah, que inveja, Júlio! Gostaria, sobretudo, de ter visto a exposição resultando do encontro com os trabalhadores do Jardim Gramacho.
Abraço.
Marcela
Desculpe o atraso em fazer este comentário, mas a própria autora do blog me aconselhou sentir o documentário antes do comentário.
Primeiro quero resgatar Tolstoi (esse membro da nobreza russa que tentava refletir fielmente a sociedade em que vivia) e que foi postado neste blog “As grandes obras de arte somente são grandes por serem acessíveis e compreendidas por todos”
Agora Lixo Extraordinário, nos levanta um questionamento sobre qual é o papel social da ARTE, tendo essa visão podemos refletir, para que servem as artes? Logo de cara o autor deixa bem claro que ele está fora das “belas-artes”, aquela coisa cheio de normas, muita acadêmica, e que poucos compreendem, quer dizer uma arte elitista, ele quer uma arte viva, para ele a arte tem que ser apreciada e ter utilidade para a sociedade como um todo, e nesse trabalho ele leva-a para os esquecido por nós, os verdadeiros excluídos, o Vik Munis, através do seu trabalho nos mostra que podemos transformar não apenas o lixo, mas também a vida dos catadores do Jardim Gramacho, ou de outro lixão qualquer. Ele consegue dar sentido aquelas vidas, amimá-las (mexer com a anima dessas pessoas, pois nem elas conseguem nas suas possibilidades). O belo passa não apenas existir na estética da obra mas sim em seu interior, ele prefere o sublime e ainda traz para debate um dos maiores problema que a nossa sociedade enfrenta que é o destino dos nossos rejeitos diário chamado lixo, como o lixo é o que descartamos, não nos serve, as pessoas que realizam este trabalho também passam a serem descartadas por nós.
Marcela, assisti este filme com minhas parceiras de trabalho; nosso objetivo era conhecer as referências que faz ao nosso município, Duque de Caxias; afinal, um grande número de nossas escolas e, portanto, de nossos alunos, vive a realidade descrita no filme. Eu mesmo, durante uma ano, dei uma oficina de teatro para alunos da Escola Mauro de Castro, que fica no Jardim Gramacho, e bem próximo do Lixão.
Qual não foi nossa surpresa ao percebermos que o filme trazia muito, muito mais do que imaginávamos encontrar. Realmente surpreendente e emocionante! Felipe.
Felipe, gostei sobretudo porque foge daquela abordagem clichê da exploraçao da miséria. Comovente!
Bem..falo como apreciadora, mas suas impressões são mais consistentes porque a arte também é seu instrumento de trabalho.
Obrigada pela visita.
bjs.
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