segunda-feira, 4 de julho de 2011

Roseando..

Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir..


Que nunca sejam triviais para mim os castanheiros.


Eu estou só. O gato está só. As árvores estão sós. Mas não é o só da solidão: é o só da solistência.


Também os defeitos dos outros são horríveis espelhos.


A queda do Homem persiste, como as cachoeiras.

Nós todos viemos do Inferno; alguns ainda estão quentes de lá.


Saudade é ser, depois de ter.


Não ter medo: o mar não se destrói com nenhuma tempestade.


Só as pessoas não morrem: tornam a ficar encantadas.


Forte é a onda - que se deixa a empuxo e vento.


Só na foz do rio é que se ouvem os murmúrios de todas as fontes.


A noite não é o fim do dia: é o começo do dia que vem.


O que seria um epitáfio: Neste tempo e lugar, repousa o amigo da harmonia.


                                          Guimarães Rosa - Ave, Palavra

3 comentários:

Lara disse...

Sublime! Guimarães Rosa, um dos maiores escritores da lingua portuguesa.

Marcela disse...

Concordo, Lara. Grande Sertão: Veredas é um dos livros da minha vida! bjs.

Edinha disse...

Saborear as Rosas de Guimarães é desencadear memórias e afetos de meus 20 anos blues nas trilhas das Gerais.Bjs Marcela