segunda-feira, 11 de março de 2013

Mia Couto



Identidade

Preciso de ser outro
para ser eu mesmo




Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato
morro
no mundo por que luto
nasço.



                                     Mia Couto em: "Outros Poemas e Raiz de Orvalho"


     

3 comentários:

Bia disse...

Que maravilha!!!!! Gostei muito!!!

Anônimo disse...

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

- Manoel de Barros, em "Retrato do Artista Quando Coisa"

Marcela disse...

Obrigada pela visita e colaboração. Um brinde à poesia!
Abraços.